Contato
O
Contato Improvisação, ao propor a interação de dois corpos no espaço, traz
assim a experiência de contato – não apenas físico em sua dimensão carnal, mas também
sinestésico em sua maior amplidão (olhar, escuta, atenção, irradiação). Segundo
Paxton, o
foco principal do treinamento é reafirmar os sentidos. Todos os sentidos devem tornar-se elásticos o suficiente para navegar através do espaço esférico, e poder afrontar qualquer posição, qualquer troca de aceleração e/ou velocidade. (PAXTON, Steve. Queda depois de Newton. 1983. Disponível em: <http://entrandoemcontato.blogspot.com.br/p/sobre-contato-e-mais.html>)
Nesta
dança, o movimento só acontece na relação entre estes dois corpos, relação na
qual não temos um comandante e um comandado, mas sim duas forças em
homogeneidade, na qual há constantes ajustamentos, em um momento alguém pode
propor mais, no outro o parceiro pode se tornar propositor e, geralmente, a
perspectiva da dança é esse diálogo: propostas que partem dos dois lados em um
comum acordo não verbal. Esse acordo não significa que em todos os momentos exista
uma concordância, podendo haver momentos da dança em que um dos parceiros não
aceite o movimento, mas esta colocação não é vista como uma negação, e sim como
uma nova proposição que vem para redirecionar o que estava instaurado.
Sem julgamentos de valor e uma linha de
movimentos definida, a dança se faz dessa constante interação de movimentos,
onde não há a preponderância de um praticante sobre o outro. Ao olhar um duo
dançando Contato Improvisação, provavelmente não saberemos definir de onde
parte o movimento, quem está propondo e quem está aceitando, já que a dança se
faz neste entre, nessas contínuas reações de ambos os dançarinos. Esta noção de reação poderá servir em auxílio do que entendemos
por contato: a relação que se dá entre dois atores e que pressupõe uma troca,
um diálogo.