sexta-feira, 16 de maio de 2014

Contato


O Contato Improvisação, ao propor a interação de dois corpos no espaço, traz assim a experiência de contato – não apenas físico em sua dimensão carnal, mas também sinestésico em sua maior amplidão (olhar, escuta, atenção, irradiação). Segundo Paxton, o

foco principal do treinamento é reafirmar os sentidos. Todos os sentidos devem tornar-se elásticos o suficiente para navegar através do espaço esférico, e poder afrontar qualquer posição, qualquer troca de aceleração e/ou velocidade. (PAXTON, Steve. Queda depois de Newton. 1983. Disponível em: <http://entrandoemcontato.blogspot.com.br/p/sobre-contato-e-mais.html>)  

Nesta dança, o movimento só acontece na relação entre estes dois corpos, relação na qual não temos um comandante e um comandado, mas sim duas forças em homogeneidade, na qual há constantes ajustamentos, em um momento alguém pode propor mais, no outro o parceiro pode se tornar propositor e, geralmente, a perspectiva da dança é esse diálogo: propostas que partem dos dois lados em um comum acordo não verbal. Esse acordo não significa que em todos os momentos exista uma concordância, podendo haver momentos da dança em que um dos parceiros não aceite o movimento, mas esta colocação não é vista como uma negação, e sim como uma nova proposição que vem para redirecionar o que estava instaurado.

        Sem julgamentos de valor e uma linha de movimentos definida, a dança se faz dessa constante interação de movimentos, onde não há a preponderância de um praticante sobre o outro. Ao olhar um duo dançando Contato Improvisação, provavelmente não saberemos definir de onde parte o movimento, quem está propondo e quem está aceitando, já que a dança se faz neste entre, nessas contínuas reações de ambos os dançarinos. Esta noção de reação poderá servir em auxílio do que entendemos por contato: a relação que se dá entre dois atores e que pressupõe uma troca, um diálogo.

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